A Festa de Pentecostes, bonita e significativa, foi herdada da liturgia judaica, uma festa de grande alegria e ação de graças para celebrar a colheita do trigo. Gente de todos os cantos acorria a Jerusalém para oferecer as primícias da colheita ao templo, símbolo da aliança entre Deus e o povo. “Era também chamada a festa das sete semanas por ser comemorada sete semanas depois da festa da páscoa judaica, no qüinquagésimo dia. Daí o nome Pentecostes, que significa cinqüenta dias”.
Depois da morte e ressurreição de Jesus, seus discípulos e Maria, provavelmente estavam reunidos numa sala celebrando esta festa e, neste clima de oração, expectativa e esperança, acontece algo extraordinário, como nos narra o Livro dos Atos dos Apóstolos:
“1 Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. 2 De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. 3 Apareceram então umas como línguas de fogo, que se espalharam e foram pousar sobre cada um deles. 4 Todos ficaram repletos do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.” (At. 2,1-4).
No Pentecostes, o Espírito Santo, transforma, com sua presença e ação, a confusão em comunhão. Que linguagem é esta capaz de unir todas as diferenças; superar todas as divisões e acabar com a indiferença, o ódio e a violência? A linguagem do AMOR. É este o mistério revelado no Pentecostes: “o Espírito Santo ilumina o espírito humano e, revelando Cristo crucificado e ressuscitado, indica o caminho para nos tornarmos semelhantes a Ele, isto é, ser ‘expressão e instrumento do amor que d’Ele nasce e emana’” (Deus Caritas est 33).
O Pentecostes marca, ainda, o início da missão da Igreja no mundo. A Igreja católica é missionária desde sua origem. Sua mensagem de salvação, desde o inicio, é universal, de todos e para todos. Esta universalidade da missão fica evidente pelo elenco os povos e nações que ouvem o primeiro anúncio dos Apóstolos: “5 Acontece que em Jerusalém moravam judeus devotos de todas as nações do mundo. 6 Quando ouviram o barulho, todos se reuniram e ficaram confusos, pois cada um ouvia, na sua própria língua, os discípulos falarem. 7 Espantados e surpresos, diziam: «Esses homens que estão falando, não são todos galileus? 8 Como é que cada um de nós os ouve em sua própria língua materna? 9 Entre nós há partos, medos e elamitas; gente da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, 10 da Frígia e da Panfília, do Egito e da região da Líbia vizinha de Cirene; alguns de nós vieram de Roma, 11 outros são judeus ou pagãos convertidos; também há cretenses e árabes. E cada um de nós em sua própria língua os ouve anunciar as maravilhas de Deus!» 12 Todos estavam admirados e perplexos, e cada um perguntava a outro: «O que quer dizer isso?»” (At. 2,5-12).
Temos consciência que o Espírito Santo nos renova, oriente e anima, nós que somos a Igreja viva de Jesus? Temos consciência que, como batizados e batizadas, somos membros de um único corpo e que é o mesmo Espírito que nos aquece, anima e conduz?
Reunida com Maria, como na sua origem, a Igreja hoje reza e pede:
- “Vem, Espírito de Luz, ilumina, esclarece e conscientiza. Faze-nos penetrar no interior das coisas. Sem tua presença, tudo é sem sentido e a História sem rumo.
-Vem, Espírito Santo transformador, desperta, dinamiza, multiplica as energias do teu povo
- Vem, Espírito Criador, renova, constrói o nosso futuro. Sem tua coragem somos velhos e incapazes de atos novos e de ação transformadora.
- Vem, Espírito Unificador, arranca-nos de nossa solidão, ensina-nos a partilhar e a solidarizar. Sem tua ajuda somos egoístas e orgulhosos.
- Vem, Espírito Consolador, conforta os corações aflitos, sustenta os confortados. Sem tua ajuda, tudo é triste e sem vida.
- Vem, Espírito de Paz, move os jovens para assumirem os conflitos. Sem tua presença, a Paz é falsa e cheia de dominações.
- Vem, Espírito de Urgência, apressa os tempos. Cristo está à porta e bate; Vem e encaminha a História para o Reino.
- Vem, Espírito escondido, Espírito dos profetas, de Jesus, de Maria; Espírito da Igreja nascente, dos mártires do Brasil, da América Latina e do mundo, de todos os batizados e batizadas.
DERRAMA O TEU AMOR SOBRE NÓS E ACOMPANHA-NOS NA CAMINHADA COM O POVO QUE SE REÚNE E LUTA EM COMUNHÃO, PARA QUE OS PEQUENOS EMPOBRECIDOS, FILHOS PREDILETOS DO PAI, TENHAM VIDA EM ABUNDÂNCIA E ASSIM ESTEJA MAIS PERTO O REINO DE JUSTIÇA, DE PAZ E DE AMOR. AMÉM!”
Frei Alonso Aparecido Pires
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