A
Igreja celebra o Tempo do Advento, marcando o começo de um novo Ano Litúrgico.
Liturgia significa “serviço”, portanto iniciamos um novo ano de serviço a Deus!
O Advento é um tempo especial em que somos convidados a uma atitude de
vigilância e expectativa, preparando-nos para a celebração do nascimento de
Jesus Cristo. As leituras deste tempo nos convidam à vigilância, à oração, à
conversão, à abertura para ouvir e acolher a palavra de Deus como fez Maria.
São textos proféticos que nos incitam à mudança de vida, à espera do Salvador
que vem, vivendo hoje o mesmo espírito de preparação do povo do Antigo
Testamento. É um tempo propício de penitência, mas também de alegria e
esperança na vivência do mistério da encarnação de Deus que veio para nos
salvar. Ele se fez homem no seio da Virgem Maria e assumiu plenamente nossa
humanidade, igual a nós em tudo, exceto no pecado, como nos lembra o apóstolo
Paulo. O Advento é tempo de espera desse grande evento da história humana: a
visita do nosso Deus e Pai pelo nascimento de seu Filho, Nosso Senhor Jesus
Cristo. Ele é a grande graça de Deus para nós. A percepção desta graça leva a
nós cristãos a festejar. Esta festa é tão alegre, grande e contagiante que dela
participam até aqueles que não o conhecem ou se tornaram indiferentes a Ele. Deixando
de lado formas pagãs de festejar, que por vezes afetam até nós cristãos, o
Advento e a celebração do Natal são grandes momentos de retomada da nossa
adesão a Jesus Cristo. Essa retomada consiste na vontade nossa de nos deixar
evangelizar por Jesus Cristo e engajar-nos em nome dele na evangelização dos
que se afastaram dele, ou se tornaram indiferentes, ou ainda o desconhecem. O
Advento nos prepara para o Natal, a celebração do mistério de Deus que se faz
criança e assume nossa humanidade. Natal é a abertura do homem para um
horizonte maior, horizonte que lhe dá a possibilidade de ter e realizar um
sentido de vida que o conduza e o satisfaça, fazendo com seja verdadeiramente
ele mesmo, portanto salvo. Pois no Natal celebramos o inaudito: Deus se fez (e
liturgicamente sempre se faz) homem. Natal é o anúncio da benignidade de Deus,
da surpreendente comunhão entre o divino e o humano, uma comunhão que é
“salus”, isto é, saúde radical, salvação.Natal é salvação não no sentido de que
o homem, para ter abertura, comunhão e participação com o divino, deve se
tornar menos homem, mas que deve se tornar tão homem quanto Jesus Cristo o foi.
É grande esse mistério de bondade. A compreensão e a recepção desse mistério na
vida nossa pessoal, eclesial, comunitária e social não é fácil, e não é fácil
fazer com que ela se torne “história”. Ela implica transformação. E a
transformação do ser humano é sempre processo lento, que exige constância,
empenho e vigilância, numa saudável repetição de reflexões e exercícios
religiosos.Durante o Advento, a Igreja no Brasil realiza a Campanha da
Evangelização. Ela é a possibilidade que nos é dada de nos tornarmos solidários
com todo o processo de evangelização, colocando à disposição do Evangelho
pequena parcela de nossos recursos como sinal de gratidão por termos sido nós
próprios alcançados pelo santo Evangelho.O tempo litúrgico do Advento é
destinado ao cultivo desse empenho e dessa vigilância, passando pela boa
percepção da insuficiência, fragilidade e maldade da “condição humana”. Quanto
mais fizermos ecoar em nós essa experiência, com maior alegria estaremos
celebrando o Natal, pois perceberemos pela experiência que, em Jesus Cristo, o
divino faz de fato levedar o humano e lhe dá transformação e sentido pleno.Vivendo
o Advento, portanto, já estamos celebrando o Natal. E celebrando o Natal,
estaremos de fato vivendo o feliz Advento do Senhor.
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