Virgem Maria, Modelo de Consagração e Seguimento
...”Maria é, de fato, exemplo sublime de perfeita consagração, pela sua pertença plena e dedicação total a Deus. Escolhida pelo Senhor e, ao mesmo tempo, dando o seu consentimento à Palavra divina que n'Ela Se fez carne, Maria aparece como modelo de acolhimento da graça por parte da criatura humana. Unida a Cristo, juntamente com José, na vida escondida de Nazaré, presente junto do Filho em momentos cruciais da sua vida pública, a Virgem é mestra de seguimento incondicional e de assíduo serviço. A vida consagrada (e cristã) contempla-A como modelo sublime de consagração ao Pai, de união com o Filho e de docilidade ao Espírito... Por isso, a Virgem comunica-nos aquele amor que nos permite oferecer todos os dias a vida por Cristo, cooperando com Ele na salvação do mundo. Por isso, a relação filial com Maria constitui o caminho privilegiado para a fidelidade à vocação recebida e uma ajuda muito eficaz para nela progredir e vivê-la em plenitude”.(JOÃO PAULO II: Exortação Apostólica Pós-Sinodal “VITA CONSECRATA”, nº 28).
Maria, Figura Inspiradora para o Seguimento de Cristo
Santo Agostinho disse que “Maria fez plenamente a vontade do Pai e por isso é mais para Maria ter sido discípula de Cristo do que Mãe de Cristo” (Sermões, 5, 7).
Ela foi proclamada bem-aventurada porque acreditou, porque ouviu e praticou a Palavra de Deus. Ao recebê-la em sua casa, Isabel proclamou: “Bendita és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!” (Lc 1, 45). É bendita porque acreditou. Acreditou na promessa de Deus e no Deus da promessa. Acreditou na Palavra de Deus, meditou-a em seu coração para transformá-la em vida.
Porque acreditou que o Filho gerado em seu seio é Deus, seguiu-o com total entrega. Assim ela é a primeira na ordem da fé em Cristo, a primeira que o seguiu em termos de tempo e, em termos de qualidade, é a que melhor o seguiu. Ela precedeu e superou a todos no discipulado de Cristo.
Por isso, a afirmação de Cristo de que sua mãe, seus irmãos e suas irmãs e bem-aventurados são os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática inclui em primeiro lugar sua própria Mãe. Ela é bem-aventurada porque mais e melhor acolheu e cumpriu a Palavra, prolongando seu “faça-se em mim” da anunciação (Lc 1, 38).
Ainda, sua bem-aventurança maior está na sua incondicional acolhida, consagração, entrega e prática da Palavra divina. Daí que ela se torna a figura exemplar, modelar de todo discípulo de Cristo. “Ela é discípula perfeita que se abre à Palavra e se deixa penetrar por seu dinamismo” (DP 296). Nisso está a razão maior de sua bem-aventurança.
A propósito, João Paulo II, na Encíclica sobre a Mãe do Redentor (20), diz: Maria continuava, pois, mediante a fé, a ouvir e a meditar aquela palavra, na qual se tornava cada vez mais transparente, de um modo “que excede todo conhecimento” (Ef 3, 19), a auto-revelação de Deus vivo. E assim, Maria Mãe tornava-se, em certo sentido, a primeira “discípula” do seu Filho, a primeira a quem ele parecia dizer: “Segue-me”, mesmo antes de dirigir este chamamento aos Apóstolos ou a quaisquer outros (cf. Jo 1, 43).
Por sua união com a missão do Filho, Maria “foi a fiel companheira do Senhor em todos os caminhos. A maternidade divina levou-a a uma entrega total. Foi doação generosa, cheia de lucidez e permanente, unida a uma história de amor a Cristo íntima e santa, uma história única que culmina na glória. Maria, levada ao máximo na participação com Cristo, é íntima colaboradora de sua obra. ... Por ter assim acompanhado seu Filho, “Maria proferiu um ‘sim’ total, porque acreditou na Palavra, deixou-se plasmar pela mão de Deus e conduzir por ele por onde quer que ele a levou: no Egito, em Nazaré, em Caná, no Gólgota, no Cenáculo à espera do Espírito Santo”.
Como discípula do Filho, no início da pregação de Jesus, em Caná da Galiléia (Jo 2, 1-12), testemunhou sua fé absoluta nele. Pediu e alcançou o “sinal”, pelo qual Ele “manifestou sua glória e seus discípulos creram nele”. A Mãe, fiel discípula, de certa forma, gerou a fé dos novos discípulos do Filho.
Em Pentecostes, esteve reunida com os mesmos discípulos, aguardando em oração, a manifestação do Espírito Santo. Com certeza, os acompanhou nos passos iniciais da evangelização, como acompanhou seu Filho, amparando-os com seu carinho maternal e seu testemunho fiel de discípula. Como em Caná, continuava a gerar a fé de novos discípulos do Filho. Como em seu início, ela continua a ajudar a Igreja a avançar na missão. Ela continua a cuidar da qualidade de nosso seguimento, pois, segundo o Documento de Puebla (290), “enquanto peregrinamos, Maria será a mãe e a educadora da fé (LG 63). Ela cuida que o Evangelho nos penetre intimamente, plasme nossa vida de cada dia e produza em nós frutos de santidade.” “Todo serviço que Maria presta aos homens consiste em abri-los ao Evangelho e convidá-los a obedecer-lhe: ‘Fazei o que Ele vos disser’ (Jo 2, 5 – DP 300). “Maria nos conduz sempre a Jesus, porque o leva sempre nos braços ou no coração”.
O Documento de Santo Domingo (15) proclama-a, por isto, por ser mulher de fé, plenamente evangelizada, como a mais perfeita discípula e evangelizadora; modelo de todos os discípulos e evangelizadores por seu testemunho de oração, de escuta da Palavra de Deus e de pronta e fiel disponibilidade ao serviço do Reino até a cruz. O Concílio Vaticano II, no documento sobre a Igreja (LG 65) diz que ela refulge para toda a comunidade como exemplo de virtudes.
Por sua atitude fundamental de abertura e acolhida ao chamado do Pai, por sua fidelidade e colaboração com Cristo, Maria é figura inspiradora para o/a discípulo/a de Jesus. Com ela, aprendemos:
- viver plenamente no Mistério: amor acolhido;
- ser comunhão em todos os aspectos de sua vida: amor correspondido;
- abrir-se ao mundo em missão: amor compartilhado.
Fonte: www.franciscanostor.org.br
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