O professor: alguém que se alimenta de sonho e esperança
Duas
colunas sustentam a nossa existência nesta vida e, segundo alguns autores, são
também fundamentais para o educador e a educação. Duas colunas que,
interessante, não são duas coisas ou dois objetos. São dois sentimentos: Sonho
e Esperança. Quero, portanto, pensar a educação, amparado nesses dois
sentimentos.
Paulo
Freire nos diz: “Há uma relação entre a
alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança de que o
professor e os alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir
e juntos igualmente resistirem aos obstáculos à nossa alegria. Na verdade, do
ponto de vista da natureza humana... a esperança é uma espécie de ímpeto
natural possível e necessário...A esperança é um condimento indispensável à
experiência histórica. Sem ela, não haveria história, mas puro determinismo”.
Rubem
Alves diz em seu livro “Conversas com quem gosta de ensinar”: “Educadores são perenes, duram para sempre,
têm e constroem a história, sofrendo tristezas e alimentando esperanças... Para
educar, muito mais interessante que o conteúdo, é o educando. Educador não é
somente uma profissão, é uma vocação. Toda vocação nasce de um grande amor, de
uma grande esperança” .
Então,
tendo como pano de fundo a esperança, podemos afirmar: o educador é muito mais
do que um transmissor de conhecimentos. O educador é um agente de sabedoria. A
sabedoria é alguma coisa sempre ligada à vida, á interioridade dos sentimentos.
O Educando como protagonista
Estamos
num ambiente cultural em que as palavras dizem muito pouco. Em nossa cultura
pós-moderna, a comunicação verbal, segundo especialistas em comunicação, diz
muito pouco ou quase nada. Uma pesquisa recente constatou o seguinte: daquilo
que se diz, verbalmente falando, somente 10% fica gravado na memória. Por outro
lado, da expressão corporal, simbólica, visual, gestual, consegue-se gravar
90%. Portanto, se reduzirmos a atividade
escolar à mera transmissão de conhecimento, estamos perdidos. Existem outros
lugares, além da escola, que transmitem muito mais dados do que nossas salas de
aula. A televisão, a internet e todos os outros aparatos tecnológicos
disponíveis são exemplos concretos.
Acredito
que tudo isso ajuda a recuperar o sentido da palavra educação e, mais do que o
sentido da palavra, o objetivo da educação, que é o de ajudar o educando “para
que ele seja”, isto é, “a educação está a
serviço da liberdade. Ela é libertadora
não só no sentido de que considera o educando sujeito de seu próprio
desenvolvimento, em comunidade, mas, também, enquanto visa a plena liberdade do
educando como pessoa”( CNBB, Igreja, educação e sociedade, doc. 47,
Paulinas, pág. 65)
Quero
concluir este pequeno texto com um poema de Salvador Medina chamado “Missão do
Educador”: “Educador: vocação além do
lucro; educação. Parabéns, educadores! O festejar perdura eternamente. Educação
inspirada na missão do mestre da Galiléia. O pensamento gera sabedoria; as
idéias, cidadania. A palavra vira profecia; os verbos realidade. O enxergar
abre a utopia, os olhos vêem a verdade. O coração palpita de compaixão, a
afetividade faz companhia. O caminhar constrói a história, os passos encontram
sentido. As mãos tecem a cultura, os dedos tocam a melodia” .
Frei Alonso Ap. Pires
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