terça-feira, 15 de outubro de 2013

O professor: alguém que se alimenta de sonho e esperança



Duas colunas sustentam a nossa existência nesta vida e, segundo alguns autores, são também fundamentais para o educador e a educação. Duas colunas que, interessante, não são duas coisas ou dois objetos. São dois sentimentos: Sonho e Esperança. Quero, portanto, pensar a educação, amparado nesses dois sentimentos.
Paulo Freire nos diz: “Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança de que o professor e os alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistirem aos obstáculos à nossa alegria. Na verdade, do ponto de vista da natureza humana... a esperança é uma espécie de ímpeto natural possível e necessário...A esperança é um condimento indispensável à experiência histórica. Sem ela, não haveria história, mas puro determinismo”.
Rubem Alves diz em seu livro “Conversas com quem gosta de ensinar”: “Educadores são perenes, duram para sempre, têm e constroem a história, sofrendo tristezas e alimentando esperanças... Para educar, muito mais interessante que o conteúdo, é o educando. Educador não é somente uma profissão, é uma vocação. Toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança” .
Então, tendo como pano de fundo a esperança, podemos afirmar: o educador é muito mais do que um transmissor de conhecimentos. O educador é um agente de sabedoria. A sabedoria é alguma coisa sempre ligada à vida, á interioridade dos sentimentos.

O Educando como protagonista

Estamos num ambiente cultural em que as palavras dizem muito pouco. Em nossa cultura pós-moderna, a comunicação verbal, segundo especialistas em comunicação, diz muito pouco ou quase nada. Uma pesquisa recente constatou o seguinte: daquilo que se diz, verbalmente falando, somente 10% fica gravado na memória. Por outro lado, da expressão corporal, simbólica, visual, gestual, consegue-se gravar 90%.  Portanto, se reduzirmos a atividade escolar à mera transmissão de conhecimento, estamos perdidos. Existem outros lugares, além da escola, que transmitem muito mais dados do que nossas salas de aula. A televisão, a internet e todos os outros aparatos tecnológicos disponíveis são exemplos concretos.
Acredito que tudo isso ajuda a recuperar o sentido da palavra educação e, mais do que o sentido da palavra, o objetivo da educação, que é o de ajudar o educando “para que ele seja”, isto é, “a educação está a serviço da  liberdade. Ela é libertadora não só no sentido de que considera o educando sujeito de seu próprio desenvolvimento, em comunidade, mas, também, enquanto visa a plena liberdade do educando como pessoa”( CNBB, Igreja, educação e sociedade, doc. 47, Paulinas, pág. 65)

Quero concluir este pequeno texto com um poema de Salvador Medina chamado “Missão do Educador”: “Educador: vocação além do lucro; educação. Parabéns, educadores! O festejar perdura eternamente. Educação inspirada na missão do mestre da Galiléia. O pensamento gera sabedoria; as idéias, cidadania. A palavra vira profecia; os verbos realidade. O enxergar abre a utopia, os olhos vêem a verdade. O coração palpita de compaixão, a afetividade faz companhia. O caminhar constrói a história, os passos encontram sentido. As mãos tecem a cultura, os dedos tocam a melodia” .

Frei Alonso Ap. Pires



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