terça-feira, 30 de abril de 2013




Uma das orações mais comuns da Igreja Católica é a Ave Maria. Grande parte dos devotos, ao rezar o Pai Nosso, acrescenta imediatamente a Ave Maria. A primeira parte desta oração de saudação e de pedido a Nossa Senhora, é tirada inteirinha do Evangelho de São Lucas. Ou tomam-se as palavras do anjo,  ou de Isabel, sua prima, que saudou a Maria, porque estava repleta do Espírito Santo. Portanto, trata-se da Palavra de Deus. E nós a repetimos com muito amor e devoção.
A segunda parte é composta pelo povo, mas com palavras e expressões dentro da mais pura doutrina da Igreja e da Tradição. Nós aclamamos em primeiro lugar que Maria é Mãe de Deus. Na compreensão desta afirmação, pode entrar um pouco de confusão. Como Maria pode ser chamada de Mãe de Jesus, o Filho de Deus, se ele é eterno e goza de todos os atributos infinitos do Pai e do Espírito Santo?  Esta dificuldade não vem de hoje. Em 428 depois de Cristo, Nestório, Bispo e Patriarca  de Constantinopla, hoje Istambul, uma cidade muito importante para o mundo daquele tempo e para a Igreja,  começou a ensinar ao povo a doutrina de que Maria não era Mãe de Jesus Cristo enquanto Deus, mas era mãe simplesmente da parte humana. Isto significava que Nestório admitia em Cristo duas pessoas. O que é um absurdo. Foi então convocado um Concílio para resolver este problema, em 431, na cidade de Êfeso. Aí foi proclamado que em Cristo há duas naturezas, a humana que começou existir no tempo e a divina que é eterna. Ele tem uma só pessoa que é divina e eterna. Contudo só se pode ser mãe da pessoa e não de uma natureza. Portanto, Maria, por uma atribuição, gerando a natureza humana de Cristo, tornou-se Mãe de Deus. É a decisão dogmática conciliar, assinada pelo Papa Celestino I.
O restante da oração está tudo conforme a doutrina da Igreja. A gente diz a Maria: “Rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”. A gente nunca diz: “Maria, perdoai nossos pecados”. Ela não tem este poder. Isto é só para Deus. Mas é a nossa primeira e principal intercessora junto de seu Filho. Esta é a mais bela e a mais válida oração que podemos fazer à Nossa Senhora.
                                                                                    Frei Ismael Martignago - Pároco



“ACASO A DEVOÇÃO MARIANA OFENDE A DEUS?”
Meus irmãos e irmãs, durante este mês de maio, vamos refletir sobre a DEVOÇÃO MARIANA em nossa Igreja. “Nós. Católicos, adoramos somente a Deus e a Ele prestamos  culto (Lc 4,8; Dt 3,13). Reconhecemos que só Jesus é o nosso Salvador, o único Senhor. Ele é o “autor e realizador de nossa fé” (Hb 12,2). Mas, acreditamos também, como nos diz o Concílio Vaticano II, que Maria tem um posto especial na comunhão dos Santos. Ela ocupa o lugar único, mais perto de Cristo e  mais perto de nós. Por isso, podemos rezar para ela, contar com sua intercessão, pedir sua proteção e auxílio e entregar-nos nas suas mãos. A graça que Maria nos dá não vem dela e ela nada segura para si. Tudo vem de Deus e para Deus volta. Quando chamamos Maria de Nossa Senhora, fazemos isso com delicadeza e afeto, reconhecimento e gratidão. Mas não podemos colocá-la no mesmo nível de Jesus. Ele é o nosso Senhor. Maria aprendeu de Jesus  a ser serva, a prestar serviço a toda humanidade (Mt 20,28). Só Jesus é a luz (Jo 1,9)...Maria, como um espelho, reflete e transmite a graça de Deus (Rm 3,18). No seu manto de luz, tão belo e radiante, ela transmite  a luz amorosa de Deus “(cf. CNBB, Com Maria Rumo ao Novo Milênio, Paulus, 1997).O primeiro tema da nossa reflexão é:

Deus fez uma digna Mãe para seu Filho

Deus, sendo onipotente, não “precisa” de nada e não está limitado a qualquer necessidade ou procedimento. Mas Ele “quis precisar” da livre cooperação da Virgem Maria na obra da Redenção, como Mãe de seu filho Jesus. E deste modo, criou Maria e a preparou para ser digna Mãe de seu Filho. Assim. “Maria não é mãe somente da parte humana de Jesus Cristo, mas de toda a sua pessoa de Filho de Deus encarnado”, porque Jesus devia vir ao mundo através de uma virgem, para provar aos homens que o Messias é verdadeiramente Deus entre nós (Is 7,14). O Pai de  Jesus é o próprio Deus. Tudo o que nela se realizou foi por obra e ação do Espírito Santo (Lc. 1,35)
Para os judeus, sequer tocar alguém impuro já transmitia a impureza. O que dizer então do grau de comunhão  que o filho tem com a mãe no ventre materno?
A carne e o sangue de Jesus foram feitos a partir da carne e do sangue de Maria (Lc 1,28s). Se Maria tivesse a mancha do pecado original, Jesus teria sempre “uma tal  ou qual mancha”, ou seja: a de ser descendente de uma pecadora.
Era perfeitamente possível a Deus livrar Maria da mancha do pecado. E Jesus nasceu dela, sendo feito da mesma carne e do mesmo sangue que ela, recebendo dela natureza humana, “fazendo-se tomar a forma de escravo”, “igual a nós  em tudo, menos no pecado”, como nos lembra o apóstolo São Paulo.
Podemos crer que a mãe do Filho de Deus não foi somente escolhida, mas sim criada especialmente com a finalidade de ser a  mãe de Jesus. Sabemos que Deus fez cada pessoa segundo a finalidade que Ele queria: “antes de seres gerado no ventre materno, eu te chamei pelo nome” (Jr. 1,5).
Assim, o Filho de Deus “fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o auxílio de homem algum e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem” (M. Lutero), por isso, Maria “é digna de suprema honra na maior medida” (art. IX da apologia da Confissão de fé de Augsburg – documento-texto muito importante  do Luteranismo) e, sendo assim, “não podemos reconhecer  as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhe-la para Mãe de Deus”(Calvino).

Frei Alonso Aparecido Pires

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